Lei Magnitsky e a queda das ações dos bancos brasileiros

Em julho de 2025, o governo dos Estados Unidos usou a Lei Magnitsky, uma legislação voltada à punição de violações de direitos humanos, para sancionar o ministro do STF, Alexandre de Moraes, alegando abusos graves e interferência na liberdade de expressão. Ainda assim, foram anunciadas tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros — um fenômeno que reverberou com força nos mercados globais e domésticos.

Esse cenário escalonado mergulhou as ações dos principais bancos nacionais em queda rápida. Até 19 de agosto, o setor bancário chegou a recuar aproximadamente R$ 42 bilhões em valor de mercado. Com o Ibovespa em baixa de 2% e o dólar em alta de mais de 1,2%, o clima de incerteza só aumentou.

Lei Magnitsky e a queda das ações dos bancos brasileiros

O que é a Lei Magnitsky e por que atingiu o Brasil?

Criada em 2012 nos EUA, a Lei Magnitsky permite sancionar estrangeiros acusados de corrupção ou violação de direitos humanos, congelando ativos, bloqueando vistos e proibindo relações financeiras.

Em um movimento incomum, foi aplicada sobre o ministro Alexandre de Moraes, desencadeando uma crise diplomática. Analistas e entidades afirmam que a lei não se aplica automaticamente no Brasil, mas seus efeitos indiretos são palpáveis, especialmente para bancos com conexões nos EUA.

A decisão do STF que mudou o jogo

Em resposta às pressões externas, o ministro do STF, Flávio Dino, determinou que leis estrangeiras só produzem efeito no Brasil com validação judicial nacional. Logo, essa decisão deixou o setor bancário entre dois mundos: seguir obrigações internacionais ou respeitar a legalidade brasileira?

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e executivos alertaram sobre o impasse jurídico, ainda agravado pela necessidade de segurança regulatória para as operações externas.

Impacto nos mercados: ações em queda

No pregão do dia 19 de agosto, os bancos lideraram a liquidação:

BancoQueda (%)
Itaú Unibanco–14,7%
BTG Pactual–11,4%
Banco do Brasil–7,2%
Bradesco–5,4%
Santander–3,2%

Isso representou uma perda conjunta de cerca de R$ 42 bilhões no setor. Outros veículos indicaram quedas similares de 3–6%, com Banco do Brasil sendo o destaque em perdas.

O dilema do setor financeiro

Em suma os bancos brasileiros ativos nos EUA enfrentam um dilema: cumprir sanções pode violar decisões judiciais internas, enquanto ignorá-las compromete o acesso aos mercados internacionais.

Todavia, o uso do sistema SWIFT e de operações em dólar adiciona complexidade: brechas normativas podem levar a penalidades severas nos EUA, enquanto o descumprimento da soberania jurídica nacional é inaceitável dentro da jurisprudência brasileira.

E agora? Caminhos possíveis

Todavia, alguns bancos já acionaram escritórios jurídicos nos EUA para avaliar alternativas seguras. Além disso, ignorar a lei interna poderia gerar sanções americanas; ignorar o STF, penalizações locais.

Dessa forma, esperar por uma solução diplomática e harmonização jurídica parece ser o caminho mais sensato. Até lá, o mercado seguirá nervoso, e a governança corporativa será testada diariamente.

Conclusão

Portanto, a crise gerada pela Lei Magnitsky, combinada com a decisão do STF, colocou os bancos brasileiros sob tensão. Logo, as ações despencaram, o câmbio foi pressionado e a confiança do investidor ficou abalada; o caso expõe um dilema clássico entre soberania nacional e integração econômica global. Contudo, no final das contas, essa situação é um lembrete sobre como política externa pode ter repercussão imediata no sistema financeiro — afetando decisões estratégicas, no risco-país e até mesmo em operações corriqueiras do dia a dia.

Como complemento ao post de hoje, vou deixar a recomendação de vídeo do canal “Economista Sincero“, que também traz uma discussão sobre o tema.


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